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Então e nós

Ao longo dos últimos oito meses muita coisa aconteceu em Macau e no mundo. Nem a mais fértil imaginação conseguiria há oito meses prever o que se iria passar e a forma como as autoridades de Macau e da China iriam lidar com esta nova ameaça de saúde pública que dá pelo nome de COVID-19.  Já escrevi e mantenho que, sem ser especialista de saúde pública, ou de coisa alguma, valha a verdade, me pareceu muito boa a forma como as autoridades de Macau lidaram com a pandemia, as decisões que tomaram, e como as foram adaptando ao que se ia sabendo e ao que ia acontecendo.  Também a forma como Macau e a China foram e vão desconfinando, agora numa preocupação mais que legítima com a outra saúde, a da economia, me parece muito adequada, firme mas cautelosa, atenta  mas preparada para intervir ao menor sinal de problema. Mas se é verdade que isto tem resultado e vem sendo aplicado de forma imaculada, também é justo salientar, e de alguma forma um pouco egoisticamente reclamar, que há alguns reside
Desculpa Primo   O meu primo Vitor, meu grande amigo e companheiro desde que éramos ambos muito novos, cedo manifestou interesse pela política e se auto proclamou comunista. Nessa altura também eu começava a ter as minhas opiniões políticas e tínhamos grandes discussões porque ele afinava pela “cassete” de     Álvaro Cunhal e eu achava que eu     era um grande livre pensador. Não me recordo exactamente da data, mas lembro-me que a determinada altura deixei de alimentar tais discussões e julgo que a razão de ser se prendeu com a última discussão que tivemos. Á data um avião de passageiros que sobrevoava a então URSS tinha sido abatido tendo morrido todos os passageiros. E eu certo de que aquela era a razão suprema para o afastar de tais convicções, confrontei-o com aquela realidade. Pois como podia ele ser comunista um partido que alinhava pelos ditames da URSS quando esta Federação se permitia abater aviões cheios de gente inocente? Depois de acesa discussão no final ele pux
Um Forte “Rei” O actual Governo e o actual Chefe do Executivo de Macau dificilmente poderiam imaginar pior início de mandato. Não se trata de um “ anus Horribilis” mas antes de um início de mandato “Horribilis”. No entanto, é justo dizer que estão a saber enfrentar estas dificuldades da melhor forma. A crise ainda não findou, temos por certo muito que ultrapassar ainda, desde ver a epidemia chegar ao fim até à recuperação económica de Macau depois deste forte abanão. Mas com este Governo só podemos estar optimistas. A forma decidida e capaz como até agora têm gerido esta prova de fogo, permite acreditar que no futuro a gestão será adequada aos desafios que aí vêm. Destaco entre outras algumas medidas que parecendo insignificantes permitiram manter em Macau uma harmonia que não existiu, por exemplo, aqui ao lado, em Hong Kong: o racionamento e distribuição de máscaras à população; a monitorização da rede de distribuição apelando à calma da população, desencorajando o açambarcamento

Fernanda Câncio ou a mulher de César

Quando não tenho nada que fazer, o que acontece muito raramente, vou tentando dar uma olhadela aos jornais da pátria lusa. Dou preferência aos semanários, Sol e Expresso, não necessariamente por esta ordem. A última grande polémica da nossa política à parte a demissão de Luís Filipe Menezes, é a da contratação de Fernanda Câncio pela RTP2, para realização ou produção, nem percebi bem, de uma série de episódios televisivos sobre não sei o quê. E leio, nos ditos jornais, que anda toda a gente muito chocada porque o PSD resolveu dizer que ela não devia ter sido contratada, porque dorme, vive, vai lá a casa de vez em quando, enfim, tem uma relação intíma com o primeiro ministro (a qual parece confirmada, já que nenhum dos envolvidos a desmentiu). Só posso presumir que toda essa gente que critica o levantar do problema, propondo o corte da cabeça do mensageiro, ache muito bem que uma televisão pública contrate a mulher do primeiro ministro como jornalista. Para azar, num dos jornais já não

Pimba? Nós? Não!!!! Deve ser engano...

Eu que nem sequer sou muito de alinhar pelo discurso miserabilista que caracteriza os portugueses, tenho nos últimos tempos sido forçado a reduzir-me à minha insignificância e a dar alguma razão aqueles que apesar de serem portugueses, maldizem e criticam Portugal e os portugueses. Primeiro foi o choque de Macau, ao fim de uns anos cheguei a Macau e as coisas estavam melhor organizadas, mais limpas, as pessoas mais simpáticas a Região mais rica. Até as repartições públicas estavam mais arejadas mais amplas e a funcionar melhor, os funcionários públicos chegavam a horas e não estavam sempre na rua a beber café. Está bem, confesso, as casas estavam mais caras, as rendas mais caras, o custo de vida mais caro, mas isso é o preço do progresso e as pessoas também ganhavam melhor. Mas, pensei, deve ter sido um golpe de sorte, afinal nós poderiamos ter feito aquilo e muito mais era só termos tido tempo, afinal ao fim de 500 anos de presença portuguesa, resolveram exigir-nos que devolvessemos o

Presumido culpado

Jorge Sampaio, Presidente da República Portuguesa, garante primeiro da Constituição da República Portuguesa e do seu cumprimento aproveitou o discurso protocolar do 5 de Outubro para defender a inversão do ónus da prova nos crimes económicos. Para o vulgar cidadão a inversão do ónus da prova é um palavrão que nada diz, mas significa pura e simplesmente que qualquer autoridade pode imputar a um cidadão a prática de um crime, sem investigar e sem qualquer prova, passando a caber ao cidadão a prova de que não cometeu o crime que lhe é imputado. Se não o conseguir será condenado sem prova, apenas porque não conseguiu provar encontrar-se inocente. Porque vivemos num estado de direito, uma tal actuação está constitucionalmente vedada, ninguém pode ser considerado culpado nem condenado sem provas da sua culpa e sem ter sido julgado e condenado por sentença transitada em julgado. São direitos constitucionalmente consagrados. O Senhor Presidente da República jurista de reconhecido mérito, ten

Fátima senhora de Felgueiras ou o Síndrome do Robin dos Bosques

Fátima Felgueiras regressou, qual heroína nacional, ou como vítima do sistema. Meteu-se ao caminho vinda do Brasil acompanhada da filha e de sei lá mais quem. Foi detida pelas autoridades policiais, mas ela diz que se entregou. Era suposto desaguar no Porto, mas foi em Lisboa que saiu do avião para enganar os repórteres que a aguardavam no Porto. As autoridades e o seu partido dizem que nada haviam combinado com ela, mas quando estava detida na PJ, a filha sempre foi dizendo que não tinha sido nada daquilo que tinha sido combinado. O seu advogado, o mesmo que, asneaticamente, depois disse que a decisão de não aplicação não era recorrível pelo M.P., foi dizendo que não invocaria a qualidade da sua cliente como candidata para obstar à prisão, mas ela mal a Polícia lhe chegou ao pé, foi exibindo uma certidão de candidatura para se eximir à prisão. Depois veio o resto: a urgência da Senhora Juiz em ter a arguida à sua frente o mais depressa possível, o requerimento do advogado a ameaçar q

Até amanhã camarada!

Álvaro Cunhal morreu e com a sua morte iniciaram-se as habituais loas funerárias. Tenho para mim que é tão mau e desadequado só reconhecer valor aos indivíduos postumamente, como erigi-los após a sua morte em algo que nunca foram. Não tenho dúvidas que Álvaro Cunhal era um homem admirável de grande carácter e grande resistente (como só pode ser admirado alguém que resiste lúcido a sete anos de isolamento carcerário e ás torturas físicas e psicológicas de que foi vítima). Creio, contudo, que não foi ele um dos principais obreiros da Revolução de Abril, assim como sei que a sua principal luta nos anos quentes do PREC era para instalar em Portugal um regime de estilo soviético e se possível de matriz estalinista e já não uma democracia. Tenho a convicção que se tivesse conseguido o seu obejctivo, entre muitas outras coisas mais graves, eu não poderia estar aqui a escrever e publicar estas plavras, ou pelo menos não poderia fazê-lo sem receio das consequências desfavoráveis que daí adviria