Pimba? Nós? Não!!!! Deve ser engano...

Eu que nem sequer sou muito de alinhar pelo discurso miserabilista que caracteriza os portugueses, tenho nos últimos tempos sido forçado a reduzir-me à minha insignificância e a dar alguma razão aqueles que apesar de serem portugueses, maldizem e criticam Portugal e os portugueses.
Primeiro foi o choque de Macau, ao fim de uns anos cheguei a Macau e as coisas estavam melhor organizadas, mais limpas, as pessoas mais simpáticas a Região mais rica. Até as repartições públicas estavam mais arejadas mais amplas e a funcionar melhor, os funcionários públicos chegavam a horas e não estavam sempre na rua a beber café. Está bem, confesso, as casas estavam mais caras, as rendas mais caras, o custo de vida mais caro, mas isso é o preço do progresso e as pessoas também ganhavam melhor.
Mas, pensei, deve ter sido um golpe de sorte, afinal nós poderiamos ter feito aquilo e muito mais era só termos tido tempo, afinal ao fim de 500 anos de presença portuguesa, resolveram exigir-nos que devolvessemos o Território à mãe pátria, não era fácil em tão pouco tempo fazer melhor.
A seguir, foi o Festival da Canção, requisitado para assistir ao dito cujo, lá estive com paciência a assistir, e entre muitas canções algumas festivaleiras, outras nem tanto, até apareceram algumas coisas com qualidade e algum vanguardismo. Como aquela, a minha favorita, que se chamava "Dá-me a Lua" e que misturava Fado com Rap numa mistura bem feliz.
O formato deste ano fazia depender da vontade dos portugueses a eleição da canção que nos representaria na Eurovisão. Fiquei contente. Ali estava uma oportunidade de ouro para os portugueses demonstrarem que têm gosto musical e que poderiam escolher uma canção que idependentemente da classificação que tivesse, lá fora, os representasse condignamente no tal festival Europeu. Apressei-me a votar e lá votei eu na "Dá-me a Lua".
E por curiosidade fiquei por ali a assitir ao resultado.
Mais valia não ter ficado.
A canção que ganhou era a coisa mais "pimba" que eu já ouvi. Também não admira, produzida e talvez composta por um dos reis da música pimba: Emanuel. Era cantada por uma miúda chamada Sabrina que é nem mais nem menos, filha da Manuela Bravo. Sim! Aquela do "Sobe sobe Balão sobe".
A seguir foi "A Bela e o Mestre", por acidente fui parar à TVI, no dia em que começou o concurso. Não sei quantas beldades, jovens, bonitas e com um corpo fantástico desfilavam em frente aos ecrans, preparadas para ingressar numa casa tipo Big Brother, acompanhadas cada uma por um Mestre, um rapaz inteligente, e supostamente com queda para professor pois deve ser suposto aumentar-lhes o nível de conhecimentos. E que trabalho Deus meu!!
As bonecas desfilavam a bleza perante os ecrãs e evidenciavam uma absoluta falha de cultura geral, postas perante fotografias de Fidel Castro, Bush, Catherine Deneuve ou Agustina Bessa Luís, não faziam a mínima ideia de quem eram as personagens.
O concurso mais adequadamente deveria chamar-se a Burra e o Mestre. Em qualquer caso seja qual for o nome que lhe dêem, é mais um exemplo de pimbalhada televisiva, estou ansioso por ver os shares mas estou certo que vai ser um sucesso.
O grande problema do êxito de tudo o que é pimba é que isso corresponde a uma mentalidade pravalecente na maioria do povo português. Metalidade que para mudar terá que sofrer uma transformação que não se dá do dia para a noite, mas que leva muitas gerações. Então perguntam vocês, porquê o alrme?
Porque ainda não vi ninguém começar a tentar mudar essa mentalidade e o mais provavel é daqui por cem anos estar tudo na mesma. Felizmente já cá não estaremos, mas enquanto estivermos temos que nos conformar, fazemos parte deste povo.

Comments

O.C. said…
Leitora atenta deste Blog, não me permito, no entanto, comentar os seus artigos por dá cá aquela palha.
Todavia, o tema do seu último artigo “Pimba? Nós? Não!!!! Deve ser engano...” despertou-me particular atenção e, embora não esteja em condições de comentar nenhum dos factos ali abordados, - feliz ou infelizmente quase não vejo televisão – não posso estar mais de acordo no que diz respeito à opinião emitida quanto ao tema na generalidade.

A vontade de fazer este comentário foi reforçada por um excerto de uma notícia que ouvi, hoje, Jornal da Tarde na RTP 1, que dava conta de que dez mil pessoas encheram, ontem à noite, o Pavilhão Rosa Mota para verem um espectáculo do Tony Carreira. E, como habitualmente se verifica em acontecimentos de relevo, à saída os jornalistas entrevistaram alguns espectadores, ao que uma senhora se apressou a declarar que sofria de uma depressão crónica há vinte ou trinta anos e que, desde que começou a ouvir as músicas do Tony Carreira, estava, praticamente, curada; tendo o jornalista concluído que as canções do prodigioso* artista têm efeitos terapêuticos.

Não duvido nem discuto, - não tenho preparação para o fazer - os benefícios da música em maleitas desta natureza; porém, preparem-se, por este andar não tarda nada que Tony Carreira, Emanuel, e outros que tais, comecem a abrir consultórios em vez de promoverem espectáculos.

Amiguinho, se tivermos como certo que “cada degrau que subimos na escada do conhecimento corresponde a mais um degrau na escada da insatisfação e da infelicidade”, então, se calhar, bom mesmo é alinhar com tudo o que é pimba.

* O “prodigioso” foi acrescentado por mim.
Frances said…
interessante este "nosso" espaço onde sao reveladas as tuas observaçoes sempre com uma pitada de bom senso e um humor que nos deixa completamente à vontade.
p.s - hoje vesti o meu pulso com o meu Ck dourado, mas devo desde ja dizer te que nao teria ficado nada mal, o prateado. e tudo quality AAA!! (alcoolicos anonimos aborrecidos) :)
Paulo Reis said…
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Paulo Reis said…
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RuiCarvalho said…
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lety said…
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