Então e nós


Ao longo dos últimos oito meses muita coisa aconteceu em Macau e no mundo. Nem a mais fértil imaginação conseguiria há oito meses prever o que se iria passar e a forma como as autoridades de Macau e da China iriam lidar com esta nova ameaça de saúde pública que dá pelo nome de COVID-19. 

Já escrevi e mantenho que, sem ser especialista de saúde pública, ou de coisa alguma, valha a verdade, me pareceu muito boa a forma como as autoridades de Macau lidaram com a pandemia, as decisões que tomaram, e como as foram adaptando ao que se ia sabendo e ao que ia acontecendo.

 Também a forma como Macau e a China foram e vão desconfinando, agora numa preocupação mais que legítima com a outra saúde, a da economia, me parece muito adequada, firme mas cautelosa, atenta  mas preparada para intervir ao menor sinal de problema.

Mas se é verdade que isto tem resultado e vem sendo aplicado de forma imaculada, também é justo salientar, e de alguma forma um pouco egoisticamente reclamar, que há alguns residentes de Macau que continuam de alguma forma esquecidos entre os muitos que têm sido objecto e beneficiários destas medidas de abertura.

São aqueles, entre os quais me incluo que tendo estoicamente aguentado e altruisticamente cooperado com as autoridades em todas as medidas tomadas até agora, não foram ainda beneficiados por nenhuma destas medidas de abertura entre Macau e a China. Estou a referir-me ao grupo dos residentes permanentes de Macau que não sendo chineses, apenas conseguem viajar para o interior da China usando um visto de entrada, que no meu caso é um visto de múltiplas entradas que permite a entrada e estadia na China por períodos máximos de 30 dias.

Não seremos muitos, e não estaremos, seguramente entre as principais prioridades de quem toma estas decisões, contudo, também não representamos um risco de saúde pública diferente do dos restantes residentes permanentes de Macau que neste momento já podem circular mediante cumprindo determinadas condições, entre Macau e o interior da China.

Urge, pois, perguntar e de alguma forma solicitar ao Chefe do Executivo de Macau que nas conversas com as autoridades da RPC, se lembre desta espécie de minoria étnica de Macau. 

Em nome deste grupo pequeno, mas não menos importante, da sociedade de Macau e em prol da manutenção de alguma sanidade mental fica aqui a pergunta:

Então e nós?

 

Macau 5 de Setembro de 2012

Nuno Sardinha da Mata

 

Comments

Popular posts from this blog

Até amanhã camarada!